13.7.09

Chove lá fora

Estou num lugar onde palavras são abafadas e o calor da respiração embaça os vidros.

Chove muito lá fora e os ruídos do mar são possessos.Um coqueiro em minha frente suagita ferozmente.Quatro paredes,ao meu redor,me transmitem medo.O teto de madeira,os carpetes até mesmo a colcha lã,''afogam'' meus sentimentos.Estou só e até mesmo doze degraus que me separam do Hall de entrada,se torna uma eternidade.Minhas palavras são sufocadas pela solidão,a aparência do lugar onde me encontro é pura melancolia.Tic Tac Tic Tac...ouço e vejo os ponteiros do relógio marcarem mais um minuto de tristeza,as folhagens do morro parece bater palmas por causa do vento.O vento traz um som agradável de um sino mas,não consigo distinguir de onde ele vem,a chuva está mais forte e o mar batendo ainda mais.Daqui de cima,vejo uma piscina sendo movimentada fortemente,embaçada pelos pingos D'água,não vejo o seu fundo,o que traz um motivo para pensar,tento descobrir qual a sua profundidade e imagino como deve estar gelada.

Chove lá fora.A luz pisca repetidas vezes,o que torna o sótão ainda mais desagradável.Estou cansada de olhar sempre a mesma coisa,porém,não tenho escolha,estou presa nesse sótão até que a alegria voltar com a chave e dizer que existe outro lugar para eu ficar.

Chove lá fora.A luz amarela,á um tom pálido em minha pele,vejo uma porta abrindo e fechando,,minha vontade é de ir até ela e fechá-la,mas há um grande abismo entre nós.

Chove lá fora. a rua está deserta,e meus olhos buscam uma inspiração para escrever.Há um cachorro de porte médio,correndo em seu quintal,talvez ele só esteja ''marcando território'' ou apenas brincando na chuva,há também uma mulher ao seu lado,talvez,talvez seja sua dona,isso eu não sei,mas uma coisa eu sei,é que eu enconteri uma pessoa mais maluca do que eu neste mundo.Por motivo qualquer,que não me importa,essa mulher está de biquine com um guarda-chuva preto andando pelo seu quintal,agradeço a ela,pois foi a única coisa que hoje,fez me arrancar um sorriso do fundo da alma.

Chove lá fora.As trovoadas são intensas e delirantes,entre as folhas há um ponto brilhoso.Forço minha vista para tentar descobrir oque é.Meu esforço foi inútil.

Chova lá fora e as palavras estão acabando,tudo que já havia para falar,falei,a paisagem que vejo atrás do vidro está igualzinho a piasagem que vi à um hora atrás. É impressionante,como o tédio,faz de uma pesso qualquer um grande escritor.

Chove lá fora.E enquanto a chuva não para,ainda estou presa no sótão.

Ana Carolina Botelho.

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